Kátia Brasil e Marcos Wesley falam sobre desafios e riscos na cobertura da Amazônia
  • 18.05
  • 2022
  • 11:31
  • Abraji

Liberdade de expressão

Kátia Brasil e Marcos Wesley falam sobre desafios e riscos na cobertura da Amazônia

Dois repórteres especializados e sediados na Amazônia contam sobre as dificuldades e as ameaças sofridas pelos profissionais na cobertura do tema. Kátia Brasil, da Amazônia Real, e Marcos Wesley, da Tapajós de Fato, são os entrevistados do podcast Jornalismo sem trégua, do Programa Tim Lopes. O episódio, o terceiro do quadro Conteúdo sem Fronteiras, estará disponível nas plataformas de áudio a partir desta quinta-feira (19.mai.2022), com apresentação de Angelina Nunes, coordenadora do Programa Tim Lopes.

A jornalista Kátia Brasil é cofundadora e editora executiva da agência de jornalismo independente e investigativo Amazônia Real, com sede em Manaus (AM). É radicada na Amazônia desde os anos 1990, onde trabalhou na TV Cultura e nos jornais O Globo, A Gazeta de Roraima, O Estado de S. Paulo e Folha de S.Paulo. Ganhou o Prêmio Abraji de 2020 e o Comunique-se em 2021. 

Kátia contou que, junto de Elaíze Farias, fundou o portal Amazônia Real com a missão de dar visibilidade às questões Amazônicas. A jornalista também disse que o portal nasceu independente em sua essência. Segundo ela, não se via jornalismo desta forma em âmbito regional, nem nacional. “Também precisamos democratizar a informação”, afirmou. 

O comunicador popular Marcos Wesley é o fundador do portal Tapajós de Fato, veículo de comunicação independente com atuação no estado do Pará. O portal surgiu em ago.2020 para denunciar problemas gerados pelo avanço de grandes projetos econômicos na região e a subnotificação do covid-19 no Pará. 

Marcos contou que o Tapajós de Fato foi fundado com a proposta de ajudar a ecoar a voz das populações e também dos movimentos sociais. Ele explicou que foram criados protocolos de segurança para si e seus colegas de trabalho por causa das ameaças sofridas. Também disse que acredita ser muito importante o trabalho que faz. “Quando a gente olha para a Kátia e a Elaíze, a gente realmente acredita que um dia consegue chegar nesses espaços”, afirmou. 

Por conta da pandemia, esse episódio foi realizado completamente de forma remota. As entrevistas foram feitas por chamadas de vídeo, por Zoom. 

"Conteúdo sem fronteiras" está disponível no Spotify e em todos os aplicativos que reproduzem podcast, incluindo o perfil da Abraji no YouTube

Primeiro Episódio | Edu Carvalho e Enderson Araújo

No episódio de estreia do quadro Conteúdo sem fronteiras, os convidados abordaram as dificuldades de produzir conteúdo nas comunidades, a construção de novos veículos, a disseminação do conteúdo produzido e o uso de plataformas, além de questões de segurança. As diferenças entre produzir conteúdo dentro e fora das comunidades também foram tratadas no bate-papo. 

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Segundo Episódio | Elvira Lobato e Leticia Kleim

O segundo episódio do quadro contou a história da jornalista Elvira Lobato, que foi vítima de assédio judicial, em 2008, ao publicar uma reportagem em que revelava os negócios de uma rede de empresas ligadas à Igreja Universal do Reino de Deus. Foram 111 ações judiciais realizadas por fiéis e pastores que exigiam sua presença em audiências por todo o país (às vezes, marcadas nos mesmos dias e horários). A outra convidada do episódio é a assistente jurídica da Abraji, Leticia Kleim, que falou sobre os casos de assédio judicial contra jornalistas no Brasil.

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Também não deixe de conferir as três temporadas do Jornalismo Sem Trégua.

Primeira Temporada | Caso Tim Lopes

Em sua primeira temporada, Jornalismo Sem Trégua tratou da execução do jornalista Tim Lopes, em 2.jun.2002, na Favela da Grota, no Rio de Janeiro. O jornalista, na época com 51 anos, foi torturado e executado por traficantes. Ele foi surpreendido quando realizava uma reportagem no Complexo do Alemão. Os episódios relatam as investigações policiais, a caçada de 109 dias ao mandante do assassinato, o traficante Elias Maluco, e o julgamento dos acusados. Essa temporada mostra as mudanças da imprensa na cobertura policial e no uso de equipamentos de segurança. Trata também da criação da Abraji.

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Segunda Temporada | Caso Jefferson Pureza

Na segunda temporada, foi abordado o caso do radialista Jefferson Pureza, de 39 anos, que foi morto na noite de 17.jan.2018, com três tiros no rosto, quando descansava na varanda de sua casa. O crime ocorreu em Edealina, no interior de Goiás. Segundo investigações policiais, o crime teria custado R$ 5 mil e um revólver calibre 38. Os episódios mostram detalhes das investigações e o polêmico julgamento que absolveu o vereador acusado de ser o mandante do crime. Esta temporada do podcast fala também sobre os desertos de notícias no país.

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Terceira temporada | Caso Jairo de Sousa

A terceira temporada apresenta o caso do radialista Jairo de Sousa, que foi morto em Bragança (PA) ao subir a escadaria de acesso à Rádio Pérola FM, onde trabalhava. O assassinato está relacionado ao trabalho do jornalista, que fazia sérias críticas a políticos da região acerca de supostos desvios de verbas públicas. O crime aconteceu em 21.jun.2018, quando Jairo chegava ao trabalho para apresentar seu programa “Show da Pérola”, que iria ao ar das 5h às 9h. Segundo as investigações policiais, o crime foi encomendado a um grupo de extermínio com dez integrantes e teria custado R$ 30 mil. Um vereador foi acusado de ser o mandante.

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O Programa Tim Lopes é realizado pela Abraji com financiamento da Open Society Foundations. O nome do programa é uma homenagem ao repórter Tim Lopes, assassinado em 2002, no Rio de Janeiro. A coordenação é da jornalista Angelina Nunes.

Assinatura Abraji