- 17.01
- 2023
- 20:51
- Abraji
Liberdade de expressão
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UNESCO divulga balanço de jornalistas assassinados em 2022
Foto de capa: Reprodução
Uma das organizações que acompanham a violência brutal contra jornalistas divulgou números preocupantes sobre o número de profissionais mortos em 2022. Foram 86 registros - um a cada quatro dias, segundo dados da Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (UNESCO). O informe afirma que América Latina e Caribe concentram mais de 50% dos crimes. Os dados estão disponíveis no site do Observatório de Jornalistas Assassinados.
No press-release distribuído à imprensa, a UNESCO ressalta que 86% dos casos gerais ficam impunes. O brasileiro Guilherme Canela, chefe da área de Liberdade de Expressão e Segurança de Jornalistas da organização, também lamentou o aumento de 50% dos assassinatos quando comparado aos outros anos. Em 2018 eram 99 - passaram para 58 de 2019 a 2021.
“A maioria destes crimes é contra jornalistas locais, que não estão envolvidos, por exemplo, na cobertura de conflitos armados ou guerras. São jornalistas que estão cobrindo corrupção, crimes ambientais e violações de direitos humanos, e, claro, em conflitos armados”, explica Canela.
Pelos dados obtidos pela UNESCO, metade dos jornalistas mortos estava de folga no momento do ataque. Para Canella, a situação mostra “que não há espaços seguros para os jornalistas, mesmo em seu tempo livre”.
O informe ressalta que as formas de violência incluem desaparecimentos forçados, sequestros, detenções arbitrárias, assédio e violência digital, principalmente contra mulheres. Desde que o monitoramento passou a ser realizado, em 1993, foram 1576 jornalistas mortos.
Enquanto a América Latina e o Caribe registraram 44 homicídios, Ásia e Pacífico contabilizaram 16 assassinatos. México foi o país mais perigoso para profissionais da imprensa, com 19 homicídios, seguido da Ucrânia (10) e do Haiti (9).
O caso do Brasil
No Brasil, a agência da ONU considerou três casos. O jornalista Givanildo Oliveira foi assassinado em fev.2022, em uma cidade próxima a Fortaleza. Oliveira era um dos fundadores do site local Pirambu News. O homicídio ocorreu horas depois da publicação de uma reportagem sobre a prisão de um suspeito de homicídio no portal da vítima.
O jornalista britânico Dom Phillips, morto no Vale do Javari, região amazônica, quando fazia uma viagem acompanhado do indigenista Bruno Pereira, também assassinado, é um dos crimes citados no levantamento. À época, Audrey Azoulay, diretora-geral da UNESCO, pediu que as autoridades brasileiras investigassem os assassinatos, ocorridos em 5.jun.2022 e que seguem sem serem completamente solucionados.
A UNESCO também registrou a morte do jornalista Luiz Carlos Gomes em Italva,no Rio de Janeiro, em 12.ago.2022. Gomes era empresário e dono do Jornal Tempo News, foi assassinado a tiros enquanto passava de carro com sua esposa, que não foi atingida. Os disparos foram realizados por dois homens em uma motocicleta que fugiram do local logo em seguida.
Os casos de Givanildo Oliveira e de Dom Phillips estão sendo acompanhados pelo Programa Tim Lopes, iniciativa criada pela Associação Brasileira de Jornalismo Investigativo (Abraji), em 2017, como resposta à violência contra jornalistas no país.
Como cada organização da sociedade civil tem sua própria metodologia para acompanhar casos de assassinatos, os números podem divergir. A Repórter sem Fronteiras, por exemplo, considera que o indigenista Bruno Pereira deve ser incluído como um trabalhador de mídia assassinado.
A Abraji, que integra a rede Voces del Sur, também publica seus relatórios de violência. O último pode ser acessado aqui (versão em português).