Confira a investigação jornalística da invasão do Capitólio nos EUA apresentada no Congresso da Abraji
  • 09.01
  • 2023
  • 17:54
  • Abraji

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Confira a investigação jornalística da invasão do Capitólio nos EUA apresentada no Congresso da Abraji

Foto de capa: Jornalista Haley Willis, do New York Times, no 17º Congresso da Abraji. Crédito: Marco Pinto/Abraji

A invasão das sedes dos Três Poderes por bolsonaristas extremistas, em Brasília, neste domingo (8.jan.2023), guarda algumas semelhanças com o ataque de vândalos ao Capitólio, prédio do Congresso dos Estados Unidos, há dois anos. Em ago.2022, durante painel no 17º Congresso da Abraji, a jornalista Haley Willis, do The New York Times, contou os bastidores da reportagem feita pela equipe de investigações visuais do jornal sobre o episódio norte-americano. 

O NYT publicou uma das mais completas reportagens sobre a tentativa de golpe nos EUA, executada por apoiadores do ex-presidente Donald Trump. O documentário “Day of Rage” mostra como turbas de apoiadores de Trump e supremacistas se organizaram para depredar e saquear a sede do legislativo americano, durante a sessão presidida pelo então vice-presidente Mike Pence. No total, 140 policiais ficaram feridos, dois invasores e três policiais morreram.

No Congresso da Abraji, Willis mostrou como a equipe de investigações visuais do NYT reconstruiu a invasão do Capitólio em seis meses de apuração. A partir de ferramentas de geolocalização e de uma análise minuciosa de vídeos, o grupo identificou os locais e horários das ações, o que permitiu montar a ordem cronológica dos eventos.

Para conferir a palestra completa, clique aqui. A jornalista também disponibilizou a apresentação (em inglês) utilizada no evento da Abraji.

Outras metodologias

No Brasil, diante dos atos considerados terroristas, criminosos e golpistas pelos presidentes dos Três Poderes, jornalistas investigativos e organizações têm compartilhado dicas, metodologias e recursos que podem ajudar outros profissionais a investigar os ataques aos prédios do Congresso Nacional, do Planalto e do Supremo Tribunal Federal (STF).

Em seu perfil no Twitter, o jornalista Adriano Belisario, especialista em OSINT (Open Source Intelligence), indicou a ferramenta paga PimEyes para a realização de busca reversa de rostos em imagens, além de alternativas gratuitas, como Google Lens e o Yandex. De acordo com o jornalista, apesar de as opções gratuitas não serem eficientes como o PimEyes, são recursos interessantes para apurações com base em imagens. “O mais importante é arquivar os vídeos e fotos, incluindo metadados, antes que sejam deletados”, orienta Belisario.

O portal G1 está investigando placas de veículos que, segundo a Justiça, podem ter trazido bolsonaristas radicais até Brasília. Nas placas padrão Mercosul, além dos caracteres alfanuméricos, existe um código criptografado capaz de compactar textos e imagens, um QR Code. Um caminho para acessar as informações dos veículos se dá por meio do aplicativo Vio, que permite verificar a autenticidade de um documento. O app, a partir da leitura do QR Code da placa, devolverá um código. E, então, é preciso inserir esse código no site da Secretaria Nacional de Trânsito (Senatran) para consultar os dados da placa veicular.

O site Aos Fatos e a Agência Lupa também estão coletando centenas de posts, imagens e vídeos, em diferentes redes sociais, que possam ajudar em investigações jornalísticas. Grupos no Telegram, com milhares de pessoas, por exemplo, compartilharam diferentes versões que convidavam as pessoas para ocupar a capital do Brasil. 

Ainda sobre monitoramento de redes sociais, apuração exclusiva da Agência Pública mostrou que o termo “Selma” - alusão à Selva, expressão utilizada por militares no país - foi um dos códigos usados pelos baderneiros e criminosos para programar a invasão das sedes dos Três Poderes.

Outras dicas são este site, que pode mostrar vídeos publicados no YouTube no entorno da Praça dos Três Poderes no dia da invasão, e este perfil no Instagram, que está catalogando possíveis envolvidos no ataque em Brasília. 

Se você tem mais dicas de trabalhos, metodologias ou ferramentas que auxiliem na cobertura da invasão de Brasília, escreva para [email protected].

Mais projetos e ferramentas

Os projetos da Abraji também podem ajudar jornalistas a cobrir e acompanhar os eventos. Veja como:

  • Projeto Comprova - acompanhar verificações de fatos sobre o assunto, obter dicas de como checar conteúdos suspeitos e enviar postagens para verificação.
  • Pinpoint - encontrar nomes de pessoas e organizações em coleções de documentos públicas e privadas.
  • CruzaGrafos - visualizar ligações entre pessoas de interesse público, políticos, empresas, processos judiciais, entre outras informações.
  • Aleph - cruzar informações do tipo “follow the money” para rastrear ativos e propriedades corporativas, gastos governamentais e informações sobre indivíduos e grupos de interesse jornalístico.
  • Ctrl+X - identificar políticos e figuras públicas que estejam utilizando o Judiciário para atacar, perseguir e intimidar profissionais de imprensa. 
  • Publique-se - verificar quais processos judiciais de interesse público citam políticos como partes.
     
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