• 11.07
  • 2009
  • 05:17
  • Juliana Olivieri/ Projeto Repórter do Futuro

“Vivemos uma crise de questionamento do papel do jornalista”, diz Marcelo Beraba

Por um lado, há a pressão da sociedade para que o jornalista tenha cada vez mais domínio sobre as informações. Por outro, os jornais não têm possibilidades de investir em jornalistas especializados. Essa é a grande contradição atual da profissão, segundo Marcelo Beraba, que esteve no painel “Fundamentos da Reportagem”, no primeiro dia do 4º Congresso Internacional de Jornalismo Investigativo da Abraji.

Diante de uma platéia atenciosa de jornalistas formados e estudantes, Beraba falou durante três horas sobre o que ele considera os fundamentos da apuração jornalística: pesquisa, observação, entrevista, documentação e rechecagem. Segundo o profissional, a entrevista é utilizada de forma saturada, abrindo deficiências nos outros métodos. “Hoje usamos aspas, aspas e aspas para tentar suprir as dificuldades evidentes como conhecimento, pesquisa, documentos”.

O grau de exigência da sociedade com o jornalista é infinitamente maior do que nas décadas de 70 e 80, segundo Beraba. “Os leitores hoje questionam, sabem quando estamos sendo atropelados por falta de conhecimento, de especialização. Atualmente, ou o jornalista domina o assunto ou os veículos não vão ter a credibilidade e legitimidade que queremos”, disse ele.

O palestrante reiterou que desenvolver técnicas de apuração é uma grande dificuldade dos profissionais e que superá-la é o caminho para um jornalismo de qualidade. Marcelo Beraba é diretor da Sucursal do Rio de Janeiro do jornal O Estado de São Paulo e tem passagem pelo O Globo, Jornal do Brasil, pela TV Globo e Folha de São Paulo. Ele o primeiro presidente da Abraji e um dos fundadores da associação. Em 2005, Beraba recebeu o Prêmio Excelência em Jornalismo do International Center for Journalism (ICFJ).

Assinatura Abraji