Sem descanso: em uma semana, mais 7 casos de violência contra jornalistas
  • 06.01
  • 2023
  • 12:30
  • Abraji

Liberdade de expressão

Sem descanso: em uma semana, mais 7 casos de violência contra jornalistas

Ainda sob a tensão eleitoral, o ano de 2023 começou com sete registros de violência política contra jornalistas no exercício da profissão. Três deles envolvendo violência física e dois perpetrados por agentes públicos. 

No Pará, ainda em 30.dez.2022, o jornalista independente Sandro André da Silva Ferreira, fazia uma reportagem sobre o atendimento de saúde na cidade de Tucuruí quando foi agredido. De acordo com o relato do repórter, a agressão partiu de seguranças e do próprio prefeito da cidade, Alexandre Siqueira (MDB), que nega o ocorrido, apesar dos ferimentos apresentados por Ferreira. O caso, que foi informado à Abraji nesta segunda-feira (2.jan.2023) está sob investigação da polícia.

Na outra ponta do país, em Porto Alegre (RS), um repórter cinematográfico da RDC TV foi agredido por um vereador, com um tapa na cara, ao tentar fazer reportagem sobre o acampamento de manifestantes bolsonaristas no entorno do Comando Militar do Sul. O caso ocorreu na terça-feira, 3.jan.2023. O vereador Eliel Antônio Alves (PRTB) da cidade de Nova Santa Rita, era um dos manifestantes. Em entrevista à RDC TV, ele se retratou diversas vezes, afirmando que não deveria ter agredido o jornalista.

Outro episódio de violência também partiu de um acampamento de bolsonaristas, dessa vez em Fortaleza. A agressão não foi física, mas verbal. Uma equipe de reportagem da TV Jangadeiro foi hostilizada pelos manifestantes, que pedem golpe militar e se negam a aceitar o resultado das urnas. O caso ocorreu no dia 3.jan.2023.

Em Belo Horizonte, ontem (5.jan.2023), um fotógrafo do jornal Hoje em Dia foi covardemente agredido, com socos e chutes, ao cobrir uma manifestação de bolsonaristas na rua. O caso foi levado à polícia e, com um corte na cabeça e escoriações, o repórter fotográfico teve de ser encaminhado ao hospital.

No Espírito Santo, os bolsonaristas que estavam desocupando um acampamento em Vila Velha hostilizaram duas equipes de profissionais de imprensa, da TV Tribuna e do portal ES 360, no dia 3.jan.2023. O Sindicato dos Jornalistas do Espírito Santo e a Fenaj denunciaram que os ataques ocorreram diante da Guarda Civil, que não protegeu os repórteres.

Em Londrina (PR), mais um caso de violência por parte de bolsonaristas acampados diante do Tiro de Guerra da cidade. Uma equipe da TV Tarobá, afiliada da Band, foi agredida fisicamente e expulsa do local, no dia 3.jan.2023. Os agressores tentaram quebrar e tomar os equipamentos dos jornalistas. 

Também no dia 3.jan.2023, em Ribeirão Preto (SP), um fotógrafo do jornal Tribuna Ribeirão foi hostilizado por bolsonaristas no entorno de uma instalação militar da cidade. Os manifestantes cercaram o profissional e o ameaçaram.

A Abraji, em parceria com a Fenaj, já havia publicado um levantamento sobre a violência política que escalou no país a partir desses acampamentos, considerados ilegais e golpistas pelo Supremo Tribunal Federal (STF). Do dia 30.out.2022 até a posse do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, em 1.jan.2023, foram 70 ocorrências registradas, entre hostilização, agressões físicas, ameaças, além de disparo de tiros em uma sede de veículo de imprensa e incêndio em uma rádio. Os episódios ocorreram em 19 estados e no Distrito Federal.

A Abraji, em conjunto com outras organizações que defendem a liberdade de imprensa, tem reivindicado junto aos poderes públicos que os jornalistas possam trabalhar com segurança. 
Neste dia 6.jan.2023, chega a 77 casos de violência política contra jornalistas que cumpriam a função de acompanhar a realidade do país. Toda democracia tem como um de seus alicerces uma imprensa livre. O jornalismo não pode ser acossado, seja por agentes públicos, seja por grupos políticos organizados.

A Abraji repudia com veemência esses 77 episódios e se solidariza com os jornalistas agredidos, suas famílias e seus colegas de trabalho. Que esses casos sejam apurados, e os autores dos ataques, responsabilizados. Porque a impunidade é um combustível potente para a escalada da violência.

Diretoria da Abraji, 6 de janeiro de 2023.
 

Assinatura Abraji