Repórter é agredido por funcionários do Mineirão
  • 31.08
  • 2018
  • 10:29
  • Abraji

Liberdade de expressão

Repórter é agredido por funcionários do Mineirão

O repórter Wesley Ramon, da Rádio Esporte Metropolitano (RJ), foi agredido na noite de quarta-feira (29.ago.2018) por funcionários da segurança do Estádio do Mineirão. Ele fazia a cobertura do jogo da Taça Libertadores entre Cruzeiro e Flamengo.

Pouco após o fim da partida, ao ouvir o barulho de bombas, Ramon desceu da tribuna reservada à imprensa e começou a filmar a ação da Polícia Militar de Minas Gerais no setor reservado à torcida do Flamengo. Após colher o depoimento de um torcedor que afirmava ter sido agredido por policiais, o repórter interrompeu a filmagem e retornou à tribuna.

Lá, os funcionários responsáveis pela segurança do estádio solicitaram as credenciais do repórter. Após se recusar a ter a credencial fotografada, Ramon passou a ser agredido pelos seguranças, que tentavam retirá-lo da tribuna. A ação foi registrada em transmissão ao vivo no Facebook. 

“Parecia que eu estava ali oferecendo algum perigo. Foi tão ridícula a forma de tratamento, que minha calça estava quase saindo e mostrando minhas partes íntimas. Fui enforcado, meu pulso sendo pressionado de forma que parecia que seria quebrado. As agressões não foram apenas na tribuna, lá foi apenas onde começou”, relata Ramon.

Após a ação, o repórter registrou boletim de ocorrência na 3ª Delegacia de Polícia Civil - Noroeste, e realizou exame de corpo de delito no IML.

Em nota oficial, a concessionária responsável pela administração do Mineirão afirma que "lamenta o ocorrido e reitera que preza pelo importante trabalho realizado pela imprensa na cobertura das partidas de futebol no estádio". A Minas Arena informa ainda estar "apurando e buscando todos os esclarecimentos junto à empresa que responsável pelo serviço de segurança privada no estádio". O assessor de imprensa Rivelle Nunes relatou ter acompanhado Ramon até o Juizado Especial Criminal (Jecrim) do estádio, para o repórter obter orientações sobre como proceder.

A Abraji considera absurda a violência aplicada contra o repórter. Devidamente identificado como profissional da comunicação e credenciado para a cobertura do jogo, Wesley Ramon cumpria seu dever de informar e não poderia ter sido alvo de agressões ou expulso do estádio. Os funcionários da segurança do Mineirão cometeram um claro atentado à liberdade de expressão; a Abraji apela à administração do local e às autoridades policiais que identifiquem os agressores e apliquem as sanções cabíveis.

Diretoria da Abraji, 31 de agosto de 2018.

Assinatura Abraji