Presidente volta a agredir jornalista para evitar prestar informações
  • 16.01
  • 2020
  • 14:48
  • Abraji

Liberdade de expressão

Presidente volta a agredir jornalista para evitar prestar informações

Na quinta-feira (16.jan.2020), o presidente Jair Bolsonaro apelou mais uma vez à agressão para evitar prestar contas de seu mandato à sociedade. Ao ser questionado pela equipe da Folha de S.Paulo durante uma entrevista coletiva em Brasília sobre as relações do Secretário de Comunicação, Fabio Wajngarten, com empresas com as quais o governo tem negócios, o presidente preferiu atacar a Folha, em lugar de responder às perguntas. 

Bolsonaro também mandou a repórter calar a boca, afirmou que a Folha “não tem moral” para fazer perguntas e que se beneficiaria de “mamatas” em governos anteriores. Ele ainda criticou o jornalismo praticado pela TV Globo durante sua catilinária contra a imprensa. Militantes favoráveis ao governo presentes no local aplaudiram as agressões de Bolsonaro contra a repórter da Folha.

As perguntas da jornalista se referiam à reportagem publicada em 15.jan.2020, na qual se revelou que Wajngarten é sócio majoritário de uma empresa que presta serviços a emissoras de televisão e agências de publicidade. Funcionários do alto escalão do governo são impedidos por lei de receber, mesmo indiretamente, pagamentos de empresas sobre cujos negócios suas decisões podem influir.

O presidente lança mão, de forma reiterada, à tática de atacar repórteres em lugar de responder aos questionamentos sobre seu governo. Em 6.jan, contrariado com uma reportagem sobre uso de recursos públicos em sua campanha a deputado federal em 2014, Bolsonaro já havia classificado os jornalistas de “espécie em extinção”. Em 20.dez.2019, ao ser questionado a respeito da possível mudança da embaixada brasileira em Israel para Jerusalém, o presidente perguntou ao repórter se ele era homossexual, em vez de responder. Estes são apenas os casos mais recentes.

Atacar repórteres, em vez de esclarecer o fato noticiado, é uma atitude típica de líderes autoritários e infringe a obrigação de autoridades prestarem contas de suas atividades à sociedade.

Diretoria da Abraji, 16 de janeiro de 2020.

Assinatura Abraji