• 18.05
  • 2007
  • 14:49
  • Natália Albertoni – aluna de jornalismo da Cásper

'Não há fórmula para diminuir o risco', afirma Tony Chastinet, produtor da TV Record

O seminário sobre “Jornalismo em Áreas de Risco”, do 2º Congresso Internacional de Jornalismo Investigativo, promovido pela Abraji, contou com a participação de Guilherme Portanova, repórter da Globo, Marcelo Moreira, chefe de reportagem da TV Globo no Rio de Janeiro e Tony Chastinet, produtor do núcleo de reportagens especiais do Jornal da Record e teve como tema principal a segurança do jornalista em seu trabalho cotidiano.

 

Chastinet falou sobre o risco enfrentado pelos repórteres na cobertura jornalística em São Paulo. Sua idéia era incitar uma reflexão sobre como se conscientizar dos perigos decorrentes da profissão e como avaliar se uma matéria deve ou não deve ser levada adiante. “Não há fórmula para diminuir o risco. O lugar é diferente, o horário é diferente, a pauta é diferente, mas espero que fique uma reflexão para vocês”, comentou o produtor. Chastinet ainda transmitiu uma série de reportagens sobre o submundo do mercado de motos na região central da cidade, na qual, segundo ele, o risco era totalmente administrável. E contrapôs esse registro com uma matéria sobre um baile funk do Primeiro Comando da Capital (PCC) que não foi possível desenvolver, tamanho o risco que a equipe de reportagem correria.

 

Marcelo Moreira seguiu a mesma linha. Combinando dados estatísticos e imagens transmitidas por telejornais, o chefe de reportagem carioca falou sobre o dia a dia do jornalista na cobertura de Cidades no Rio de Janeiro e discutiu a necessidade do aprimoramento de técnicas de segurança para o profissional da área. “No Rio, não precisa ser jornalista investigativo para correr risco de morte”, comentou.

 

Segundo Moreira, a questão da cobertura de crimes de violência ficou dividida entre antes e depois de Tim Lopes. Para ele, a morte do jornalista em junho do ano passado foi decisiva para se pensar em como realizar o trabalho jornalístico com segurança. “Nenhuma reportagem vale uma vida, nenhuma imagem vale uma vida. A gente não vai deixar de cobrir tiroteio, mas tem que ter planejamento”, disse o jornalista.

 

Finalizando o seminário, Guilherme Portanova iniciou sua apresentação com uma pergunta: “como podemos estar mais protegidos?”. Para o repórter, houve uma divisão do Estado e a ineficiência do poder público deixa a sociedade cada vez mais desprotegida. “A gente [jornalistas] não pode fazer nada que o cidadão comum não faça”, disse ele.

 

Portanova leu trechos de uma matéria que destaca o desenvolvimento da estrutura do Primeiro Comando da Capital e comentou casos de ineficiência pública. O repórter, que foi seqüestrado no ano passado justamente por integrantes da facção criminosa do PCC, deu enfoque para a existência de uma estrutura paralela no Brasil e sobre as conseqüências disso para a sociedade.

Assinatura Abraji