• 08.07
  • 2011
  • 13:09
  • O Globo

Jornalistas e a cobertura de conflitos armados

Publicado no “O Globo Blogs” em 05 de julho de 2011 

Itens de uso diário como canetas, cartões de crédito e celulares parecem ser facéis de encontrar ou usar em qualquer lugar do mundo. Não se você está em uma guerra. A palestra "Medidas de proteção para jornalistas em cobertura de conflitos armados", que aconteceu na Abraji, apontou alguns cuidados e itens de sobrevivência para quem vai fazer matérias em áreas perigosas.

Os palestrantes João Paulo Charleaux (Última Instância), Andrei Netto (Estadão) , Sandra Lefcovich (Comitê Internacional da Cruz Vermelha- CICV), Marcelo Moreira (TV Globo) e Rodney Pinder (INSI - Internacional News Safety Institute) falaram de suas experiências em zonas de conflitos e de pequenos cuidados que podem salvar a vida de repórteres.

Andrei Netto, que fez a cobertura dos conflitos na Líbia pelo Estadão e chegou a ser preso no país, listou uma série de medidas que auxiliam jornalistas quando estão no front. Ele brinca que o mais seguro é não partir, mas quando a cobertura é inevitável é bom adotar alguns procedimentos como:

- Ter seguro médico e equipamentos de segurança como capacete e colete à prova de balas

- Levar sempre dinheiro, espalhar dólares na carteira, na mochila e bolsos

- Não contar com cartão de crédito

- Alugar telefone por satélite e comprar créditos para uso intensivo do celular

- Manter contato constante e estabelecer padrões de comunicação com o editor (às vezes o repórter é rastreado 

- Leve telefones úteis como fontes, organizações, autoridades, editores e familiares

O correspondente também disse que fazer cursos são uma excelente oportunidade de aprender sobre riscos em áreas de conflitos. Netto falou que, em geral, eles fornecem treinamentos de primeiros socorros, trazem noções sobre armas de fogo e seu poder de destruição, ensinam comportamentos que se tornam reflexos em momentos de elevado stress e oferecem treinamentos sobre o deslocamento em áreas de conflito. Entre os citados pelo jornalista estão o da Caecopaz, Exército Brasileiro e Centre National d´entrainement Commando

Sandra Lefcovich apresentou uma série de informações sobre jornalistas em conflitos que podem ser visualizadas online. Ela falou ainda do 10º Curso de Informação sobre Jornalismo em Situações de Conflito Armado e Outras Situações de Violência promovido pela CICV que irá abrir inscrições a partir do dia 1º de agosto.

Para finalizar, Marcelo Moreira e Rodney Pinder falaram sobre a cobertura local em que os jornalistas também sofrem com os crimes. Moreira contou algumas das experiências vividas no Rio de Janeiro e como preparar melhor os jornalistas nessas situações. Ele defendeu que nenhuma foto, imagem ou história valem uma vida e que cinco minutos de de planejamento podem fazer a diferença.

Para quem quiser saber mais sobre o assunto, João Paulo Charleaux fez um artigo sobre os temas abordados na palestra.

 

Assinatura Abraji