Jornalista denuncia ameaça ao produzir documentário
  • 25.10
  • 2021
  • 10:00
  • Abraji

Liberdade de expressão

Jornalista denuncia ameaça ao produzir documentário

O jornalista Joaquim de Carvalho, da TV 247, ingressou no dia 22.out.2021 com uma denúncia na polícia de Brasília contra o personal trainer Allan Lucena, amigo e parceiro comercial de Jair Renan, um dos filhos do presidente Jair Bolsonaro (sem partido). Carvalho havia entrevistado Lucena para um documentário sobre redes de desinformação movidas por bolsonaristas. A entrevista foi feita por telefone, em 21.out.2021. No dia seguinte, Allan enviou o print de uma conversa com outra pessoa na qual fica evidente que o interlocutor identificou o nome completo da esposa e de um dos filhos do jornalista.

Carvalho contou ter procurado o personal porque, em mar.2021, Lucena denunciou à polícia estar sendo vigiado por um homem, posteriormente identificado como o policial federal Luís Felipe Barros Félix. Pela apuração de Carvalho, Félix era um dos homens que faziam a segurança do então candidato a presidente Bolsonaro, quando ocorreu o episódio da facada em Juiz de Fora (MG), em 2018. 

Depois de procurar por Lucena no prédio em que morava, Carvalho conseguiu entrevistá-lo por telefone, na quinta-feira. “À noite, recebi uma ligação dele, que não pude atender. Retornei pouco depois, e ele disse que havia ligado por engano”, contou Carvalho à Abraji.

No dia seguinte, sexta-feira, Lucena enviou ao jornalista o print de uma conversa com alguém não identificado em que aparecem o nome completo da esposa e de um dos filhos do jornalista. Abaixo do print, Lucena escreveu:  “Vocês poderiam para [sic] de me ligar?”

“Eu não estava mais ligando para ele — já tinha feito a entrevista. Por que me dar conhecimento de que sabia o nome completo da minha mulher e do meu filho? Para mim, é uma intimidação, como se dissesse: ‘Sei quem são’. Isso é inaceitável. Num país em que a vereadora Marielle Franco foi assassinada, e muitos jornalistas são alvos de agressão, inclusive homicídio, não posso me calar. Tornar público o ocorrido é uma forma de me proteger”, afirmou Carvalho à Abraji.

O boletim de ocorrência foi registrado pelo jornalista na 5ª Delegacia de Polícia do Distrito Federal, onde foi feito um relato pelo jornalista e apresentada cópia da mensagem remetida por Lucena a Joaquim de Carvalho. Ele também usou suas redes sociais para fazer a denúncia e fez um relato detalhado do ocorrido no site do veículo em que trabalha. 

 

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