Jornalista da Ponte enfrenta obstáculo ao trabalho durante coletiva da SSP-SP
  • 07.04
  • 2019
  • 07:19
  • Abraji

Liberdade de expressão

Jornalista da Ponte enfrenta obstáculo ao trabalho durante coletiva da SSP-SP

A jornalista Maria Teresa Cruz, da Ponte Jornalismo, teve seu trabalho cerceado durante coletiva de imprensa realizada na quinta-feira (4.abr.2019) pela Secretaria de Segurança Pública de São Paulo (SSP-SP). A entrevista pretendia esclarecer detalhes da ação da Polícia Militar (PM) em Guararema (SP) que resultou em 11 mortes. Embora devidamente inscrita, Cruz não pôde fazer perguntas às autoridades presentes.

De acordo com a reportagem publicada pela Ponte, a inscrição da jornalista na coletiva de imprensa foi confirmada pela agência InPress, responsável pela comunicação da SSP-SP. No entanto, a jornalista foi ignorada na sequência de perguntas e a coletiva foi encerrada sem que ela participasse. 

No começo do evento, após apresentar as autoridades, uma funcionária da InPress chegou a mencionar a Ponte na lista de veículos que fariam perguntas, junto com a CBN, Globo e Estadão. Em seguida, a funcionária procurou Cruz para saber se a jornalista pretendia perguntar sobre a letalidade policial. A jornalista respondeu que seu questionamento era sobre a conjuntura política e diretrizes da segurança pública. A funcionária a respondeu com um OK e pediu para que ela esperasse, mas o microfone não chegou até Cruz. 
A Ponte ouviu outros jornalistas que estavam presentes na coletiva que confirmaram que Maria Tereza Cruz foi tratada de maneira diferente dos profissionais de outros veículos. 

Em nota, a assessoria da SSP-SP informou que o número de perguntas na coletiva foi limitado para que “as autoridades envolvidas pudessem retornar com brevidade aos trabalhos” e justificou a conduta adotada em relação à jornalista da Ponte: 

“Os dois temas levantados pela representante da Ponte – letalidade policial e ações de governo para a segurança pública –, foram abordados em questões de outros dois veículos que perguntaram antes, razão pela qual passou-se a vez para jornalistas que tinham questionamentos diferentes sobre a ocorrência, de forma que o maior número de assuntos pudesse ser contemplado. Essa dinâmica foi utilizada em pelo menos mais duas oportunidades, com outros veículos, durante a coletiva. Nem a Assessoria de Imprensa da Secretaria da Segurança e nem o governo se pautam pela censura, haja vista ter sido concedida uma entrevista coletiva para atender a todos os veículos ao mesmo tempo. Ainda assim, caso a Ponte ainda tenha alguma demanda sobre a ocorrência, estamos à disposição para esclarecimentos”, disse a SSP-SP.

A Abraji considera que a ação da assessoria da Secretaria de Segurança Pública impôs cerceamento ao trabalho da jornalista Maria Teresa Cruz. Ainda que as respostas que a jornalista buscava já houvessem sido dadas - o que não é o caso, uma vez que Cruz não questionou sobre letalidade policial -, sua inscrição para fazer perguntas deveria ter sido respeitada, por ética profissional e respeito ao princípio constitucional da transparência.

Diretoria da Abraji, 7 de abril de 2019

Assinatura Abraji