• 18.05
  • 2007
  • 10:43
  • <b>Karina Padial - Redação Revista IMPRENSA</b>

Joel Silveira é homenageado na abertura do 2º Congresso Internacional promovido pela Abraji

“Não sou pretensioso, mas gostaria de viver uma velhice mais tranqüila, em um país que não tivesse feito do sobressalto uma rotina e do pânico um estilo de vida”. Essa declaração é de um dos maiores e mais importantes jornalistas brasileiros, relata a repórter Karina Padial, da Revista Imprensa. Joel Silveira, 88 anos, nunca pensou em ser outra coisa na vida que não jornalista. Aos 14 anos, iniciou sua brilhante carreira em um jornal de operários da indústria têxtil de Aracaju. De lá para cá não parou mais.

Apelidado de “Víbora”, por Assis Chateubriand, seu chefe, por sua língua afiada, Joel Silveira nunca deixou de fazer nada o que quis e tinha orgulho de ser repórter. Foi para a Alemanha cobrir a 2ª Guerra Mundial e retornou dizendo: “Fui para lá com 27 anos e, apesar de ter ficado onze meses, voltei com 40. A guerra amadurece”.

Suas reportagens, sua crítica aguçada, seu instinto e sua sensibilidade o transformaram em um ícone do bom jornalismo investigativo. E por ser referência até os dias de hoje, o 2° Congresso Internacional de Jornalismo Investigativo, realizado pela Associação Brasileira de Jornalismo Investigativo (Abraji), iniciou suas atividades na quinta-feira, 17, no auditório do Mackenzie com uma homenagem a esse jornalista.

A mesa de abertura foi composta pelo presidente da Abraji, Marcelo Beraba; pela coordenadora do curso de jornalismo da Universidade Mackenzie, Esmeralda Rizzo; pelo professor da Faculdade Cásper Líbero, Igor Fuser; pelo vice-presidente da Associação Brasileira de Imprensa (ABI), Audálio Dantas, pelo representante do Sindicato dos Jornalistas de São Paulo, Eureni Pereira; e pela filha de Joel Silveira, Elizabeth Costa Silveira. Os participantes, além de se dedicarem à homenagem, comentaram sobre a situação do jornalismo investigativo no Brasil.

Marcelo Beraba relembrou o assassinato de Tim Lopes, motivo pelo qual a Abraji foi fundada, em 2002, e comentou sobre a recente execução do jornalista Luiz Carlos Barbon, da pequena cidade de Porto Ferreira por causa de seu trabalho investigativo.

“A morte de Barbon foi um recado intimidatório, um aviso principalmente para os repórteres das pequenas cidades, mas nós e outras entidades lutamos para além do direito de acesso à informação pública, pela liberdade de imprensa”.

O professor da Cásper Líbero, Igor Fuser, destacou o papel da universidade na formação dos profissionais. “A academia não se limita a formar o profissional para o mercado. Nosso dever também é questionar, discutir o que esses profissionais estão fazendo em seus veículos”.

Outro convidado para a abertura, Juca Kfouri, jornalista da Rádio CBN, colunista da Folha de S.Paulo e atual blogueiro, complementou as falas anteriores dizendo que jornalismo investigativo não é só aquele que está ligado ao conflito, ao medo e à violência, mas sim a toda e qualquer tipo de jornalismo. “Para fazer uma matéria sobre decoração você precisa investigar para que ela saia uma matéria boa”.

E fez duras críticas ao judiciário e a algumas entidades de jornalismo. “O judiciário quer se vingar da imprensa. Hoje, existem vários processos contra jornalistas. E eles aproveitam o comércio dos danos morais”. 

Encerrou dizendo: “Não é possível que vamos aceitar esse corporativismo burro das entidades que criticaram Barbon afirmando que ele exercia a profissão de jornalista ilegalmente, porque não cursou faculdade e não tinha diploma. Joel Silveira não fez também não fez faculdade”.

As atividades do 2º Congresso Internacional de Jornalismo Investigativo seguem durante todo o dia de hoje, 18, e durante o sábado, 20, nas instalações da Faculdade Cásper Líbero, em São Paulo.

Assinatura Abraji