• 18.05
  • 2007
  • 13:59
  • Guilherme Baida – aluno de jornalismo da Cásper Lí

Investigação revela envolvimento de ex-presidente argentino no tráfico de armas

Em uma das palestras mais aguardadas para o 2º Congresso da ABRAJI, o argentino Daniel Santoro, jornalista do periódico Clarín detalhou a sua investigação que tornou público o esquema de tráfico de armas entre a Argentina e dois países: Equador e Croácia.

 

O escândalo, que teve início em 1991, só começou a ser investigado e publicado em março de 1995. De acordo com Santoro, mesmo com todos os jornais estampando manchetes enaltecendo o presidente argentino Carlos Menem, ele nunca desistiu de investigar o que acontecia dentro do seu governo. Por fim, Menem saiu da presidência e em 2001 foi preso por causa da investigação de Daniel, que lhe rendeu o prêmio internacional de jornalismo Rey de España.

 

Mas a conquista foi difícil. Santoro disse que foi ameaçado de morte diversas vezes quando investigava o caso do tráfico de Menem. “O tráfico de armas é o segundo mais rentável do mundo, somente atrás do de drogas, por isso havia muita preocupação em não deixar as informações chegarem à imprensa”. Ele contou que Croácia e Equador pagaram 100 milhões de dólares à Argentina, entretanto houve um desvio de cerca de 60 milhões que ainda não foram encontrados.

 

Ele ainda exaltou diversas vezes algumas características do jornalismo investigativo:  “Paciência, disciplina e sacrifício são essenciais para uma investigação bem feita.” Em quase duas horas de conversa e debate, Daniel disse que para conseguir fatos dispersos, “tem que ser rato de biblioteca e ter uma capacidade ‘glúteo cerebral’”, arrancando risadas do público. Mas Santoro também disse que o bom repórter tem que ir “para as ruas”.

 

Em seu livro, Venta de Armas – Hombres del Gobierno, publicado em 1998 pela editora Planeta, ele explica o esquema da rede do tráfico de armas.

O 2º Congresso Internacional de Jornalismo Investigativo, promovido pela Abraji, teve sua abertura solene realizada no dia 17, na Universidade Presbiteriana Mackenzie, em São Paulo, com uma homenagem ao veterano jornalista Joel Silveira e uma palestra do jornalista Juca Kfouri. O evento é realizado, no dias 18 e 19, na Faculdade Cásper Líbero. São 68 mesas, com cerca de 120 palestrantes e debatedores - oito deles internacionais.Ainda durante o congresso, estão programados os lançamentos de dois livros - "Mídia, Máfia e Rock'n'roll", de Cláudio Tognolli, e "50 anos de Crimes – Reportagens Policiais que Marcaram o Jornalismo Brasileiro",

organizado por Fernando Molica, segundo volume da coleção Jornalismo Investigativo (Abraji/editora Record). Os lançamentos acontecerão no dia 18, a partir das 17h30, também na Cásper, e são abertos ao público.

Assinatura Abraji