Homem que confessou assassinato de jornalista no Pará é indiciado por latrocínio
  • 20.09
  • 2021
  • 16:30
  • Heloisa Fortes

Liberdade de expressão

Homem que confessou assassinato de jornalista no Pará é indiciado por latrocínio

foto: Reprodução/Facebook

Atualizado às 10h40 de quarta-feira, 29 de setembro

Na madrugada de 14.set.2021, foi preso o primeiro suspeito do assassinato do jornalista Eranildo Cruz, no interior do Pará. A prisão ocorreu oito dias depois de policiais civis e militares encontrarem o corpo do diretor-editor do jornal Tribuna Regional em uma casa em Monte Dourado, distrito de Almeirim. Janilson Silva Duarte, de 19 anos, foi identificado em câmeras de monitoramento, sentado na garupa da moto roubada da vítima. Depois da prisão, ele confessou o crime. 

O delegado Rodrigo Barbosa afirmou que, no dia 28.set.2021, foi concluído o inquérito do assassinato. Duarte foi indiciado por latrocínio (roubo seguido de morte). Com ele, foi encontrada a motocicleta da vítima. 

Durante a investigação policial foram examinadas fotos que mostravam o jovem atravessando a cidade vizinha de Laranjal do Jari de posse da arma do crime, um pé-de-cabra. A moto havia sido roubada junto com o celular e a câmera fotográfica da vítima. 

No dia 06.set.2021, o jornalista Eranildo Cruz, conhecido como “Chocolate”, de 54 anos, foi encontrado morto depois que policiais arrombaram a porta do quarto onde o jornalista estava. Ele foi encontrado nu, com as mãos atadas e sinais de tortura, além de um travesseiro cobrindo sua cabeça, onde havia um ferimento. O jornalista fazia cobertura de assuntos políticos e de movimentos sociais.

O filho de Eranildo, Éder William, contou que o pai era muito conhecido por suas opiniões fortes: “Tudo que era errado, ele falava mesmo”, disse. 

O presidente do Sindicato de Jornalistas do Pará, Vito Gemaque, afirmou que os casos de assassinato contra jornalistas ocorrem mais em cidades fora da região metropolitana. Ele cita casos como o assasinato de Jairo de Sousa, na cidade de Bragança, e a tentativa de homicídio contra Jackson Silva, na cidade de Moju. Gemaque disse haver dificuldade em  prestar assessoria nas cidades mais distantes e que vem cobrando autoridades e órgãos de segurança. “Vamos continuar cobrando até que se saiba a motivação do crime”, destacou. 

De acordo com Gemaque, o sindicato tem mantido contato com a Comissão de Defesa da Liberdade de Imprensa da Ordem dos Advogados do Brasil no Pará (OAB-PA), e que, em conjunto com ela, pretende organizar uma audiência pública para discutir formas de prevenção à violência contra jornalistas. “Até porque, quando se tem um presidente que prega abertamente agressões a jornalistas, a sociedade se sente livre para agredi-los. E, se o jornalista é atacado, a democracia é atacada”, disse. 

A diretoria executiva do Sindicato dos Jornalistas no Estado do Pará (Sinjor/PA), a diretoria regional do Tapajós (DRTap) do Sinjor-PA e a Comissão de Defesa da Liberdade de Imprensa da OAB-PA publicaram uma nota de pesar e repúdio contra o assassinato.

Assinatura Abraji