• 30.04
  • 2007
  • 10:13
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Equipe da Record é detida em Belém

Na manhã do dia 25, um policial federal identificado como Alessandro Dantas de Oliveira agrediu, algemou e levou para a sede da Polícia Federal de Belém, no Pará, uma equipe da TV Record regional, a TV Marajoara, formada pela repórter Célia Pinho, pelo câmera Edílson Matos e pelo motorista Marcelo Silva. A câmera foi apreendida e eles ficaram por seis horas algemados no prédio da instituição até serem liberados.

 
A equipe fazia uma reportagem na porta do colégio Grão Pará, no bairro do Marco, onde um dia antes o policial teria atirado e matado um suspeito durante uma tentativa de assalto. O objetivo da era mostrar como estavam pais, alunos e professores após o incidente.

A emissora, em nota oficial, classificou o caso como censura. A Federação Nacional dos Jornalistas (Fenaj) e o Sindicato dos Jornalistas do Pará (Sinjor-PA) também repudiaram a atitude do policial, a qualificando como abuso de poder e como um atentado à liberdade de imprensa.

Procurado pela Abraji, o Departamento da Polícia Federal, em Brasília, afirmou desconhecer o caso, informando apenas que quaisquer ações que possam envolver abuso de policiais são investigadas em inquérito. 

 

Veja nota emitida pela emissora:

A Record em Belém, TV Marajoara, vem a público manifestar sua tristeza em relação ao lamentável episódio ocorrido no dia de hoje (25/4), envolvendo um agente da Polícia Federal e uma equipe e reportagem da emissora.


Um agente da PF, agindo de maneira incompatível com suas funções,excedendo-se até, prendeu três funcionários da empresa, que estavam cumprindo seu mister, de acordo com a ética, respeito ao telespectador e principalmente amparado pela liberdade de imprensa que vigora no nosso País.

 

Esclarecemos que os profissionais estavam no local, onde na última terça-feira (24/4),o agente Alessandro Dantas matou uma pessoa e feriu outra durante uma tentativa de assalto em frente a uma escola da Capital, que ainda está sendo investigada pela Polícia. Nosso objetivo era mostrar e repercutir o caos que se instaurou entre os pais e alunos.

Ocorre que durante a reportagem, no dia de hoje, o agente surgiu de repente aproximou-se da equipe sem se identificar, tomou de forma violenta o equipamento, apontou a arma para a equipe e deu voz de prisão para o motorista, o cinegrafista e a repórter que faziam a cobertura do caso. Em seguida, os três foram levados numa viatura da Polícia Federal à sede da entidade onde permaneceram incomunicáveis por pelo menos três horas. No total, a equipe passou mais de seis horas algemada e presa na sede da PF.

A TV Marajoara lamenta a postura adotada pela Polícia Federal que, em nota, manifestou-se a favor da ação praticada pelo agente Alessandro, antes mesmo que as partes fossem ouvidas.

A Record considera que a medida adotada pelo agente, não é incompatível com o comportamento que deve ter um policial, principalmente sabendo que vivemos num Estado Democrático de Direito. Lamenta ainda, que a principal prova da ação irregular do agente, a gravação que mostra como tudo aconteceu, tenha sido apreendida, lembrando em muito as ações que lamentavelmente marcaram o não saudoso regime opressor que vivemos nas décadas de 60 e 70, CENSURA!

Entristece-nos um episódio que embora isolado, reflete na imagem de uma das instituições mais respeitadas e dignas desse nosso Brasil que é a nossa Polícia Federal. Não iremos retroceder, iremos até as últimas conseqüências para esclarecer todo esse triste momento. Todas as medidas cabíveis, dentro do mais estrito senso de justiça e respeito às leis, serão tomadas. Ações como essa não irão fazer com que acreditemos que tudo está perdido, que o regime opressor está de volta; ao contrário, continuaremos lutando ao lado da população em busca de uma sociedade mais digna e justa.

Assinatura Abraji