Abraji condena ataques on-line a repórter do Intercept
  • 07.11
  • 2020
  • 10:48
  • Abraji

Liberdade de expressão

Abraji condena ataques on-line a repórter do Intercept

Nesta sexta-feira (06.nov.2020), a jornalista catarinense Schirlei Alves contabilizou dezenas de ataques em suas redes sociais, depois de ter revelado o caso da influenciadora digital Mariana Ferrer, humilhada durante audiência sobre acusação de estupro.

Schirlei Alves, que é freelancer do Intercept Brasil, cobre o caso desde 2019 e no dia 03.nov.2020 assinou a reportagem que escandalizou o país. A repórter mostrou o comportamento do advogado de defesa do empresário acusado do crime, durante uma audiência. Também causou indignação o comportamento do juiz e do Ministério Público de Santa Catarina, que pediu a absolvição do réu.

Além de ser acusada de manipular a notícia, a jornalista recebeu mensagens com palavras depreciativas e machistas. A conta do Instagram da repórter, usada para divulgar reportagens de violência contra a mulher, teve de ser fechada depois de receber vários comentários misóginos e xingamentos. Uma campanha para desqualificar o trabalho do jornalista também está em curso.

Após críticas, o Intercept esclareceu que a expressão “estupro culposo” foi usada pelo site para resumir o caso e explicá-lo para o público leigo, como um "artifício usual ao jornalismo”, mas que, em nenhum momento, declarou que a expressão foi citada no processo.

A Abraji repudia a amplificação das vozes de ódio contra a jornalista. Discordar do encaminhamento de uma reportagem, contestar os processos de apuração de um veículo ou apontar erros fazem parte do jogo democrático. Desqualificar uma jornalista mulher com palavras de baixo calão e discurso de ódio por ela desempenhar seu trabalho de informar à sociedade um assunto de interesse público, por outro lado, é um comportamento antidemocrático.

Diretoria da Abraji, 07 de novembro de 2020.
 

Assinatura Abraji