Abraji condena ameaça de morte e estupro contra jornalista do DCM
  • 16.09
  • 2022
  • 10:30
  • Abraji

Liberdade de expressão

Abraji condena ameaça de morte e estupro contra jornalista do DCM

Na madrugada de quarta-feira (14.set.2022), Maria Fernanda Passos, jornalista gaúcha e comentarista do site Diário de Centro do Mundo (DCM), foi alvo de uma série de ataques nas redes sociais. Por meio de mensagens de aplicativo, ela recebeu um áudio com ameaças de estupro e morte.

As agressões começaram depois que a jornalista, que também é vereadora pelo PT em Jaguarão (RS), fez um comentário opinativo sobre o presidente Jair Bolsonaro (PL), durante uma live do dia 7.set.2022 que discutia a atitude do presidente durante as comemorações do bicentenário da independência:

“Isso mostra o desafio que nós teremos de colocar essa gente no esgoto de novo. [...] No sentido de que não é só ganhar a eleição… o quanto vai ser dureza a gente conseguir recompor esse país”.

A Abraji optou por não repetir as ofensas de internautas, nem mesmo as proferidas por um perfil identificado como sendo o de Júlio Bordieri, que dizia morar na cidade de Porto, em Portugal, e prometeu que ela seria estuprada e morta. Logo depois das ameaças, o agressor apagou suas contas nas redes sociais.

Por princípio, a Abraji nunca se manifesta sobre os critérios editoriais dos órgãos de imprensa – sejam alinhados à esquerda, sejam alinhados à direita. Também não é do mandato da organização acompanhar as ameaças feitas diariamente às mulheres que atuam na vida pública, por mais graves e deploráveis que sejam. No entanto, Passos exercia o jornalismo quando teve sua vida ameaçada.

A multiplicação da violência contra mulheres jornalistas é um grave risco à liberdade de imprensa. O monitoramento de ataques com viés de gênero realizado pela Abraji aponta 73 casos somente em 2022, o que faz do Brasil o campeão da violência às mulheres jornalistas na América Latina.

A Abraji presta solidariedade a Maria Fernanda Passos e condena toda e qualquer forma de ameaça para intimidar jornalistas e cercear seu trabalho. Criticar um veículo e uma comentarista faz parte do jogo democrático. Sites e profissionais não estão imunes ao escrutínio público. Mas colocar em risco a integridade física de uma mulher por discordar de suas opiniões constitui crime que deve ser investigado e os agressores, devidamente responsabilizados.

Diretoria da Abraji, 16 de setembro de 2022.

Assinatura Abraji