Abraji cobra autoridades sobre agressões e prisões de jornalistas no Amapá

A Associação Brasileira de Jornalismo Investigativo (Abraji) enviou ofícios às autoridades de segurança do Amapá, apontando que a agressão do prefeito de Macapá, Dr. Furlan (MDB), ao jornalista Heverson Castro e ao cinegrafista Iran Froes caracteriza violação da liberdade de imprensa. A organização também cobrou uma investigação baseada em fatos e provas, e conduzida de maneira célere, imparcial e efetiva.

No último domingo, 17 de agosto, durante uma visita do prefeito às obras do Hospital Municipal, na zona norte de Macapá, Dr. Furlan agarrou o pescoço do cinegrafista Iran Froes, que integra a equipe do jornalista Heverson Castro. A agressão ocorreu após o político ser questionado sobre a duração da obra e foi registrada em vídeo, divulgado nas redes sociais.

Após o episódio, o jornalista, o cinegrafista e outra pessoa que estava próxima, Marshal dos Anjos, foram detidos pela Guarda Municipal. Em nota, a prefeitura alegou que o prefeito sofreu agressão verbal e tentativa de agressão física pela equipe de reportagem, além de relatar que duas servidoras foram agredidas e registraram ocorrência na Delegacia da Mulher. Foi lavrado termo circunstanciado indicando que as pessoas detidas teriam praticado crime de desacato e contravenção penal por vias de fato, encaminhando o caso para o Juizado Especial Criminal.

Exames de corpo de delito foram realizados e retornaram negativos, demonstrando que não há provas das supostas agressões às mulheres presentes, o que inviabiliza a hipótese de legítima defesa de terceiro pelo prefeito.

A Abraji aponta que a investigação preliminar não considera o início das agressões por parte do prefeito e sua equipe, como mostra o vídeo, e defende que a pergunta do jornalista estava dentro do exercício regular da liberdade de imprensa. A associação também questiona a falta de respostas sobre a apreensão ou roubo dos celulares dos jornalistas e considera a atuação da Guarda Municipal desproporcionalmente violenta.

“Uma autoridade, um político eleito que representa a sociedade precisa ter uma postura adequada ao cargo. É inadmissível qualquer reação que envolva violência. A Associação Brasileira de Jornalismo Investigativo (Abraji) repudia a atitude do prefeito de Macapá e se solidariza com os profissionais de imprensa envolvidos no caso”, afirmou a presidente da Abraji, Katia Brembatti.