• 02.12
  • 2010
  • 11:48
  • -

A pedido do governo dos Estados Unidos, Amazon Web Service derruba site do WikiLeaks

O site do WikiLeaks, que desde o último domingo divulga milhares de telegramas diplomáticos dos Estados Unidos, ficou pelo menos cinco horas fora do ar nesta quarta-feira, 1º. Reportagem do jornal "Folha de S. Paulo" com agências internacionais, afirma que o governo americano pressionou a Amazon Web Service a romper o contrato que dava acesso ao site. A suspensão do serviço não impede o acesso às páginas da organização, já que o WikiLeaks tem outras empresas servidoras. 

No mesmo dia,  a Interpol emitiu um alerta internacional para informar que o fundador do site, Julian Assange, está na lista de mais procurados. Assange é acusado de estupro, assédio sexual e coerção ilegal na Suécia. O WikiLeaks ganhou destaque internacional este ano ao vazar documentos de inteligência americana sobre as guerras no Iraque e Afeganistão. 

Leia a seguir reportagem do jornal "Folha de S. Paulo", publicada em 2/12/2010

Governo dos EUA derruba WikiLeaks

Quatro dias após o início do vazamento de documentos sigilosos da diplomacia norte-americana pelo site WikiLeaks, o governo dos EUA reagiu de forma dura.
Pressionou a Amazon Web Services a interromper o contrato pelo qual fornecia o servidor de acesso ao site.

Em consequência, o WikiLeaks, que diz ter 250 mil documentos em seu poder, ficou fora do ar por pelo menos cinco horas. No final da tarde, voltou a funcionar, após transferir as operações ao servidor sueco Bahnhof.
A Amazon Web Services é parte da Amazon.com, popular site de venda de livros e outros produtos.

A informação foi dada primeiro pelo senador americano Joe Lieberman, presidente da comissão de Segurança Nacional do Senado.

Apesar de não pertencer a nenhum partido, Lieberman, ex-democrata, é próximo da Casa Branca. O senador disse que ele mesmo pediu à Amazon que cortasse o serviço.
O Departamento de Segurança Doméstica dos EUA também confirmou que fez gestões junto à Amazon para cortar o serviço.

O contrato entre o WikiLeaks e a empresa teria sido firmado nessa semana após o site ter dito que sofreu ataque de hackers nos últimos dias.

A Amazon não comentou as acusações. A reportagem daFolha entrou em contato com o escritório nos EUA, mas não obteve resposta.

"Eu peço a qualquer outra companhia ou organização que esteja abrigando o WikiLeaks a imediatamente encerrar a sua relação com o site", afirmou Lieberman.

Segundo o jornal "Wall Street Journal", a página dedicada aos documentos utilizava servidores da Amazon em Seattle (EUA) e da empresa francesa Octopuce. Já a página principal usaria servidores da Amazon nos EUA e na Irlanda.

Com ironia, o perfil do WikiLeaks no Twitter reagiu. "Servidores do WikiLeaks na Amazon derrubados. Liberdade de expressão na terra dos livres. Tudo bem, nosso $ agora é gasto para empregar pessoas na Europa."

O porta-voz do WikiLeaks, Kristinn Hrafnsson, disse que tem "caminhos de superar a suspensão do serviço".

PROCURADO
A Interpol emitiu ontem um alerta internacional para informar que Julian Assange, fundador do site, figura na sua lista de mais procurados.

O alerta vermelho da Interpol, usado para prender alguém provisoriamente, foi emitido a pedido da corte criminal de Estocolmo.

Assange é acusado de estupro, assédio sexual e coerção ilegal. Os supostos crimes foram registrados na cidade sueca de Gotemburgo.

O advogado dele, Mark Stephens, afirmou ontem que seu cliente está sendo perseguido pelas autoridades suecas, que promovem um processo penal sobre os supostos crimes.

Oficiais suecos afirmam que o alerta foi emitido porque ele não se disponibilizou a se reunir com procuradores. Stephens afirma que as autoridades suecas negaram repetidas ofertas para conversar com Assange.

Ele nega as acusações e diz que as denúncias são uma tática do Pentágono para desmerecer seu site. Contra a ordem de prisão, Assange, que está em local desconhecido, apresentou recurso.

A corte sueca ordenou a detenção de Assange em 18 de novembro, quatro dias antes do WikiLeaks anunciar que iria vazar novos documentos secretos.

 

 

 

Assinatura Abraji