Jornalistas são impedidos de fazer perguntas em coletiva do vice-governador do Amazonas
  • 29.10
  • 2020
  • 20:20
  • Abraji

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Jornalistas são impedidos de fazer perguntas em coletiva do vice-governador do Amazonas

No dia 28.out.2020, o vice-governador do Amazonas, Carlos Almeida Filho (sem partido), convocou a imprensa para apresentar sua versão sobre as denúncias relacionadas ao superfaturamento na compra de respiradores para pacientes de covid-19. Após ler um pronunciamento, ele encerrou a coletiva sem permitir perguntas. Jornalistas que tentaram questioná-lo foram empurrados por agentes de segurança do político.

Logo no início do pronunciamento, equipes de vários veículos foram informadas de que não seria possível questionar o vice-governador após a leitura do texto, no qual ele negou envolvimento em irregularidades.

“Mesmo assim, nosso dever era insistir, porque perguntar é função básica da atividade jornalística”, relatou Rosiene Carvalho, que tem um blog e presta serviços para a BandNews e o portal UOL.

Nas imagens, é possível ver que a jornalista, em voz alta, cobrou explicações sobre o que foi apurado pela Polícia Federal. Nesse momento, seguranças se aproximaram dela. O vice-governador deixou a sala, seguido por outros profissionais.

Neste vídeo, uma sargento da Polícia Militar que trabalha como segurança do vice-governador empurra Carvalho. Neste outro, a PM  segura um dos braços da repórter.

Na confusão, Jullie Pereira, do portal Amazonas Atual, conta que a mesma pessoa, identificada pela imprensa de Manaus como Michele Welche Silva Lobo, a arranhou. Relato semelhante foi feito por Cynthia Blink, da Rádio Mix e do portal O Amazonês.  “Fomos muito constrangidos com gritos e empurrões que levaram ao cerceamento de nosso trabalho”, acrescentou Daniel Manauara, do Portal do Amazonas.

O Sindicato dos Jornalistas do Amazonas emitiu nota condenando “os atos de violência verbal e física”.

O presidente da Abraji, Marcelo Träsel, considera o episódio emblemático. “O dever da imprensa é cobrar explicações diante de denúncias graves, especialmente durante a pandemia. Os relatos sugerem que as autoridades ainda não aprenderam a lidar com a obrigação de prestar contas à sociedade e precisam orientar suas equipes a respeitar a liberdade de imprensa”.

Resposta do governo 

Em nota enviada à imprensa, o governo do Amazonas determinou o afastamento da sargento da PM que integra a equipe de segurança do vice-governador. Ainda segundo a assessoria, será aberto um procedimento administrativo para a devida apuração dos fatos e adoção de medidas cabíveis. A nota ressalta, ainda, que o governo “preza pela liberdade de imprensa e a correta postura de seus servidores”.
 

foto: reprodução de imagens do Facebook de Rosiene Carvalho

Assinatura Abraji