Relatório sobre mortes de profissionais de mídia em 2018 cita o Brasil
  • 31.01
  • 2019
  • 14:30
  • Natália Silva

Liberdade de expressão

Relatório sobre mortes de profissionais de mídia em 2018 cita o Brasil

O International News Safety Institute (INSI) divulgou em 30.jan.2019 um relatório sobre mortes de profissionais de mídia - que incluem jornalistas e auxiliares, como motoristas - durante 2018. O documento intitulado “Killing the messenger” (Matando o mensageiro, em tradução livre) inclui não só os números de mortes de profissionais, mas também dados sobre o contexto em que elas ocorreram. 

No ano passado, 73 profissionais de mídia foram mortos enquanto trabalhavam. O relatório destaca que 2018 foi um “divisor de águas” para o jornalismo, pois a maioria das mortes (66) aconteceu em países que não estão em guerra. Segundo o levantamento do INSI, mais repórteres morreram nos Estados Unidos do que em zonas de conflito em 2018. 

No ranking de países com maior número de profissionais de mídia mortos, o Afeganistão ocupa o 1º lugar da lista pelo 3º ano consecutivo, com 13 profissionais mortos, seguido pelo México e pelos Estados Unidos, com 9 e 7 vítimas. Iêmen e Somália registraram 6 mortes cada e a Síria registrou 5. 

“Toda morte de jornalista é uma tragédia. Sem a garantia de segurança da imprensa, não é possível garantir a liberdade. Sem isso, a democracia e o discurso público sofrem”, comenta Hannah Storm, diretora do INSI desde 2010. O Instituto classificou o 2018 como um ano “tóxico” para os jornalistas, com repórteres sendo hostilizados pelo público geral e por chefes de Estado como Donald Trump, que chama jornalistas de “inimigos do povo”.

O relatório destaca que os jornalistas mortos estavam investigando temas como corrupção, crimes, política, drogas e acidentes. 7 cidadãos foram mortos enquanto exerciam trabalhos semelhantes ao da imprensa, com 3 mortes da Síria e 1 no Iémen.

O Brasil no relatório

Em 2018, 3 jornalistas foram mortos em decorrência do seu trabalho em 2018: os radialistas Jairo de Sousa, Marlon de Carvalho Araújo e Jefferson Pureza Lopes. 

Jefferson Pureza Lopes foi assassinado com 3 tiros no rosto em 17.jan.2018 em sua casa, na cidade de Edealina, no interior de Goiás. O vereador José Eduardo Alves da Silva (PR) é acusado de ser o mandante do crime. Um ano após o caso, ele e mais 5 acusados seguem presos. Este foi o primeiro caso investigado pelo Projeto Tim Lopes, da Abraji. 

Jairo de Sousa foi morto em 21.jun.2018 com dois tiros ao chegar ao trabalho, na Rádio Pérola FM, na cidade de Bragança, no Pará. Em janeiro de 2019, o promotor Luiz da Silva Souza ofereceu denúncia contra 11 pessoas envolvidas no assassinato, entre elas, o vereador Cesar Monteiro Gonçalves (PR), acusado de ser o mandante do crime. Segundo o inquérito, o crime foi encomendado a um grupo de extermínio e teria custado R$ 30 mil. 

Marlon de Carvalho Araújo foi assassinado a tiros em 16.ago.2018 em sua casa, na cidade de Riachão do Jacuípe na Bahia. Com passagens da rádio Gazeta e Jacuípe, Araújo era conhecido por postar vídeos nas redes sociais com críticas à autoridades locais. A diretoria-geral da UNESCO denunciou o caso e cobrou que as autoridades brasileiras investiguem o assassinato, que não foi solucionado.

Assinatura Abraji