• 02.03
  • 2012
  • 14:28
  • Marina Iemini Atoji

Parlamento britânico propõe criação de fundo para financiar jornalismo investigativo no país

Em meio ao intenso debate sobre a prática jornalística desencadeado no Reino Unido pelo caso News of the World e recentes prisões de jornalistas por pagamento de propinas, a Comissão de Comunicação da Câmara dos Lordes do Parlamento britânico apresentou nesta semana uma proposta de financiamento de iniciativas de jornalismo investigativo.

O relatório produzido pelos parlamentares sugere que as multas aplicadas a organizações de mídia que transgridem os códigos de conduta sejam revertidas para produções de jornalismo investigativo ou programas de treinamento a profissionais da área. Atualmente, o montante arrecadado com as multas vai para o Tesouro britânico.

A administração das verbas seria de responsabilidade de um órgão regulador independente, com um sistema transparente e justo de candidatura para financiamento e prestação de contas.

A criação dessa espécie de fundo de investimento faz parte de uma série de recomendações feitas pela Comissão de Comunicação com o objetivo de fortalecer o jornalismo responsável e de qualidade. Entre elas, a de que o jornalismo investigativo receba incentivos financeiros e seja classificado como "charitable activity".

Outra proposta apresentada no relatório foi de que jornalistas e editores deixem registros das investigações feitas, para escrutínio externo futuro. Tais registros poderiam ser usados para avaliar a responsabilidade (ou não) com a qual o jornalismo investigativo foi praticado.

O treinamento é tratado no documento como item essencial para fortalecer a prática jornalística, e as empresas jornalísticas são “fortemente encorajadas” a oferecê-lo.

De acordo com os parlamentares, há "desafios econômicos, legais e regulatórios profundos para o jornalismo investigativo". O presidente da Comissão, Lorde Inglewood, afirma que "o jornalismo investigativo tem um papel vital no sistema de governança democrática do Reino Unido".

Interesse público
O relatório da Câmara dos Lordes indica ainda a falta de escopo legal sobre o que é considerado de interesse público, o que gera incertezas para jornalistas e instituições fiscalizadoras e penais. Foi proposto que as autoridades publiquem guias apontando os casos em que o jornalista deve ser processado quando faz uso de expedientes ilegais para produzir uma reportagem.

Saiba mais

Veja aqui o relatório “O futuro do jornalismo investigativo”, da Comissão de Comunicação da Câmara dos Lordes

Com informações do Journalism.co.uk

Assinatura Abraji