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Nova lei deve melhorar relação entre repórter e fontes e trazer mais segurança aos profissionais, diz Luciana Kraemer

Publicado em 5 de dezembro de 2011 no Portal do Tribunal de Contas do Rio Grande do Sul

Luciana KraemerA jornalista, professora e conselheira da Associação Brasileira de jornalismo Investigativo (Abraji), Luciana Kraemer, falou sobre “A relação entre a transparência pública e o exercício profissional do jornalista”, no Seminário “O Acesso à Informação Pública e Transparência”, nesta segunda-feira (05), no Tribunal de Contas do Estado (TCE-RS).

Para a jornalista, a nova lei vai melhorar até mesmo as relações entre os jornalistas e as fontes. “O fato da informação não estar disponível para todos gera um toma lá, dá cá muito sutil que não é combatido e não tem visibilidade porque acontece em espaços onde essa relação é vista como normal, e o jornalista também está acostumado a ter relações viciadas com as fontes. Então a lei pode, de alguma forma, tornar mais transparente também essa relação”.

Para Luciana, em uma época em que é possível comunicar tudo a todo o tempo, o jornalista se diferencia de blogueiros e twiteiros  porque é o agente em especial da liberdade de expressão. “A imprensa é o canal público por excelência do debate e da diversidade de opiniões, somos mediadores do conhecimento sobre o cotidiano e também agentes da reafirmação dos direitos humanos, na medida que cobramos do poder público atitudes que estejam condizentes com esses direitos”. Mas, segundo a professora, as dificuldades de acessar as informações iniciam-se já na faculdade. “Eu reafirmo para meus alunos que nosso papel é o da fiscalização do poder. Este é um compromisso que os estudantes percebem no decorrer dos anos e quando eles começam a fazer as reportagens, vão se dando conta do significado da palavra transparência”.

De acordo com a jornalista, a nova lei de acesso à informação deve, também, trazer mais segurança ao trabalho desse profissional. “Deve mudar, inclusive, a forma como a academia ensina jornalismo, a forma como se estimula desde cedo o repórter a alcançar a informação. E a maneira como se obtém a informação também demonstra o grau de risco ao qual esses profissionais se expõem”. Sobre a insegurança na busca da informação, Luciana comentou que hoje os países menos transparentes são também os mais perigosos para o exercício do jornalismo. “Os jornalistas que trabalham fiscalizando o poder são os que mais correm riscos. Segundo o Comitê de Proteção ao Jornalista (CPJ), mais ou menos 30% das ameaças e violações relacionadas a esses profissionais envolvem agentes públicos.

No Brasil, a Federação Nacional dos Jornalistas (Fenaj) faz um levantamento anual sobre as violações e, em 2010 por exemplo, foram verificados 41 casos de agressões físicas ou verbais contra esses profissionais. 4% resultaram em mortes e 64% desses ataques foram promovidos por agentes públicos; 22% pela polícia e 42% por autoridades políticas. Então, quando se fala na relação entre transparência e o trabalho do jornalista está se falando, também, que a transparência pode ajudar a reduzir os riscos e os crimes contra os profissionais de imprensa que são os mais identificados como responsáveis por dar visibilidade aos atos de corrupção e ilegalidades”. 

Assinatura Abraji