Comunicado conjunto sobre detenção de jornalistas da Univision no Palácio de Miraflores
  • 26.02
  • 2019
  • 15:00
  • Redação

Liberdade de expressão

Comunicado conjunto sobre detenção de jornalistas da Univision no Palácio de Miraflores

Este comunicado foi publicado originalmente em espanhol em flip.org.co em 26.fev.2019.

Nós, organizações de defesa da liberdade de expressão, condenamos a intimidação e a censura de Nicolás Maduro a jornalistas da Univision.

Na noite de 25.fev.2019, a cadeia de TV Univision denunciou que sua equipe em Caracas, liderada pelo jornalista Jorge Ramos, havia sido detida de forma arbitrária por ordem de Nicolás Maduro, no Palácio de Miraflores, sede do governo venezuelano. O fato ocorreu durante entrevista em que Maduro se irritou com as palavras de Ramos ao se referir a ele.

Mais tarde, Jorge Rodríguez, ministro da Comunicação, disse à Univision que a equipe havia sido liberada e se dirigia a um hotel. Em uma conversa telefônica exibida ao vivo pela Univision, Ramos confirmou que o grupo, formado por seis pessoas, estava bem, mas que câmeras, celulares e o material gravado tinham sido confiscados por agentes de segurança de Maduro, logo após terem intimidado a equipe. Ramos disse ainda que esperava não ter problemas para deixar o país. Na manhã de 26.fev.2019, a equipe foi deportada para os Estados Unidos.

Diante da gravidade do fato, as organizações que subscrevem este comunicado esclarecem à opinião pública que: 

  •  Essa detenção constitui grave violação à liberdade de imprensa e afeta o direito à liberdade de informação durante o desenrolar de fatos que são de interesse global.
  • O fato de ao menos 19 jornalistas terem sido detidos na Venezuela ao longo de 2019 confirma o desprezo aos valores democráticos por parte de Nicolás Maduro. A restrição à liberdade dos jornalistas é utilizada como mecanismo de chantagem durante a crise que atravessa esse país. 
  • A arbitrariedade desse ato de censura se agrava por ocorrer durante uma entrevista com Nicolás Maduro, na sede histórica do governo venezuelano. 
  • O confisco de material jornalístico, incluindo câmeras e celulares, configura ato de censura até que seja devolvido.
  • Convocamos a comunidade internacional, incluindo os países que reconhecem Maduro como presidente, que tendo em vista os compromissos assumidos ante o direito internacional, zelem pelas garantias para uma imprensa livre na Venezuela, levando em conta que o respeito pela liberdade de imprensa é um requisito imprescindível e prioritário no processo das relações internacionais.
  • Solicitamos à Comissão Interamericana de Direitos Humanos que decrete medidas de proteção cautelar aos jornalistas cobrindo a crise venezuelana.
  • Manifestamos nossa solidariedade aos jornalistas detidos e à equipe da Univision.
  • Convocamos o jornalismo das Américas a somar esforços solidários e de união para manter a comunidade internacional informada sobre o que se passa na Venezuela.

Assinam o presente comunicado:
Fundación para la Libertad de Prensa
Comité para la Protección de los Periodistas
IFEX América Latina y el Caribe
Reporteros sin Fronteras (RSF)
Sociedad Interamericana de Prensa
World Association of Newspapers and News Publishers
Proyecto Antonio Nariño 
Asociación Colombiana de Medios de Información  
Fundación Gabriel García Márquez para el Nuevo Periodismo 
José Miguel Vivanco, Director para las Américas de Human Rights Watch 
Associação Nacional de Jornais (Brasil)
Robert F. Kennedy Human Rights 
Asociación Nacional de la Prensa do Chile 
Asociación Ecuatoriana de Editores de Periódicos 
Asociación de Entidades Periodísticas Argentinas  
International Media Support 

Assinatura Abraji